terça-feira, 29 de julho de 2014

GIRLS - Resenha

Elenco: Lena Dunham; Allison Williams; Jemina Kirke; Zosia Marmet; Adam Driver;

Como diz aquele batido ditado, "nunca julgue um livro pela capa." É o caso dessa série, o nome GIRLS, sugere uma temática voltada ao público feminino, alguns até diziam que era o novo Sex And The City. Bom, posso dizer a vocês que não tem nada ver. O enredo é regado de bom humor, cenas picantes e retrata o dia a dia de seres humanos normais, com problemas que a gente se identifica logo de cara.



Acompanhamos a história de Hannah Horvat (Lena Dunham), uma recém formada escritora, de 24 anos, tentando fazer carreira em Nova York. Porém a vida dela começa a encontrar as dificuldades, quando seus pais dizem que não irão mais banca-la. Ai começa aquela saga que todos nós nos deparamos, arrumar um emprego, e como todo o primeiro emprego, jamais é na área que queremos. Então, de aspirante a escritora, ela vira auxiliar administrativa, depois garçonete, entre outros empregos subalternos.




O enredo logo de cara destaca Hannah, mas a trama só fica interessante, pois temos as amigas, Marnie (Allison Williams) a colega de quarto egocêntrica e tão recatada que chega dar raiva. Jessa (Jemina Kirke), é uma espécie de hipster que vive a vida loca, já viajou o mundo, fala com sotaque franco-britânico, é viciada em cocaína e sempre some e reaparece. Por último, completando o time das garotas, temos Shoshanna Shapiro, a virgem de 20 anos, hiperativa, que fala absurdamente e tem toda a pinta de menina superficial. 
Essas quatro moças, de personalidades completamente distintas, são amigas, porém estão sempre se estranhando e tendo brigas por besteiras. Basicamente o que vemos nas meninas por aqui, aquela amizade cheia de raiva e inveja mascarados.


A série também tem os "boys" e ai que nos homens achamos a identificação. Adam (Adram Driver) é o "amigo colorido" da Hannah, realiza suas fantasias sexuais com ela, mas não se apega. Charlie é o namorado da Marnie, o bom moço, chega a ser entediante de tão bobo que é. Ellijah, é o ex da Hannah, que no caso assumiu a homossexualidade e virou amigaço dela. Por fim temos Ray, amigo de Charlie, e primeiro namorado da Shoshanna, por ser um cara mais velho, ele enxerga as bobagens fúteis das relações do grupo e é de uma rabugice enorme, porém é um dos mais engraçados da série.



A série é muito boa e o fato de ser tão pautada na realidade, torna a identificação imediata. As situações lá retratadas, são corriqueiras mas muito bem escritas e com desfechos surpreendentes. Lena Dunham se mostra cada vez mais uma escritora de sensibilidade impar, que capta aspectos raramente vistos e séries de comédia. O humor da série é bem encaixado, sempre inserido no contexto, não tem forçação para arrancar risadas, todo ato cômico flui e diverte. Não posso deixar de ressaltar as cenas de sexo, sim, são quase explicito, no melhor estilo Game Of Thrones, porem, no caso de GIRLS, são retratadas de forma real, com posições grotescas, fetiches doidos e gemidos esgarnecidos. As atrizes também não são mulheres malhadas com corpos esculturais, são reais, com gordurinhas, celulites e ainda assim são de uma sensualidade deliciosa.

Portanto, eu recomendo muito essa série, por enquanto tem apenas três temporadas, com uma média de 10 episódios cada. A produção é da HBO, o que já deixa clara a qualidade. Vale a pena ver, serão horas divertidas e cativantes, com essas meninas que mostram que humor pode ser encontrado no nosso dia-a-dia. 




quinta-feira, 3 de julho de 2014

Ela (Her) - Resenha

Direção: Spike Jonze
Elenco: Joaquim Phoenix; Scarlett Johansonn; Amy Adams; Chris Pratt; Olivia Wilde.



Eu sinceramente não sei como começar falar sobre esse filme, além de quão reflexivo ele é. 
Bom, um resumo rápido para quem não está familiarizado com a proposta da obra:

Trata-se da vida de Theodore (Joaquim Phoenix), vivendo num futuro próximo, (me parece coisa de dez anos à frente de nosso tempo atual) e recém separado de sua esposa. Isso transforma ele de um cara sociável e divertido, em um anti-social solitário. Tudo muda com o lançamento de um sistema operacional, cujo uma inteligência artificial com personalidade própria que se adequa ao usuário, é a principal inovação. A de Theodore é Samantha (que é dublada pela a maravilhosa Scarlett Johansonn), que demonstra tanta coisa em comum e um modo de ver a vida parecido com o que ele sempre buscou. Daí, inevitavelmente, ele se apaixona por Samantha.


Essa paixão guia o filme, e chama a atenção, nos faz olhar para como nos apegamos a tecnologia. Na cena em que o sistema operacional para de funcionar, o desespero dele é comparado ao nosso quando perdemos o celular. Como tudo na trama é focado em Theodore, conseguimos ver o quão bom ator Joaquim Phoenix é, passa com detalhes todos os sentimentos dele, a angustia, a solidão e a necessidade de amar. A Scarlett Johansonn mesmo atuando só com a voz, também é um show. É de um grande fascínio a primeira vez que eles fazem sexo, e a tela fica preta deixando apenas o diálogo quente de um homem solitário e sua mulher virtual. Te da a liberdade de conseguir imaginar o acontecimento, só pela narração de ambos.


Outro ponto que o filme ressalta é, como o amor pode surgir apenas pela compatibilidade das pessoas e não pela aparência física. O protagonista tem chances de se envolver com mulheres lindas e divertidas como a linda mulher que ele tem um encontro, interpretada pela belíssima Olivia Wilde, mas prefere focar suas energias em conversas com seu celular super inteligente. Esse desenrolar aborda vários conflitos dos relacionamentos, dos quais a maioria estamos familiarizados, porém de uma forma bem incomum, mostra que os sentimentos de duas pessoas conflitando, causam as maiores desavenças.




O cara está apaixonado por uma inteligência artificial, que corresponde a esses sentimentos de forma crível. É simples entender o amor que ele desenvolve, ele está basicamente com a mulher perfeita, que sente ciúmes, saudades, raiva e vontades, porém se expressa de uma forma lógica e sempre em prol do seu amado. Ela é tão sensacional que arma até um Ménage para ele, meio que "assumindo" o corpo de uma moça,(linda, diga-se de passagem) para poder dar prazer físico a Theodore, sem falar que ela consegue realizar o sonho dele de publicar um livro. Óbvio que tudo começa a desmoronar, quando ele começa questionar sua sanidade, por estar tão ligado a um computador. E o interessante é que Samantha também começa a se preocupar com o fato de ser apenas um produto com uma programação específica, que mesmo inovadora, ainda é inumana.


Em suma, o filme te faz olhar para sua vida e seus relacionamentos de modo geral, e ver o que realmente te fazia bem. A direção de Spike Jonze é primorosa, a fotografia ficou linda, a atuação ficou cativante, você se envolve com o personagem. O roteiro foi bem escrito, e a história se desenvolve de uma forma gostosa de ver, não fica massante e clichê como a maioria dos filmes com histórias de amor. Vale a pena ver esse filme, e vale a pena olhar para nós mesmos e ver que nossas vidas é além do superficial, e que para amar basta estar disposto a se entregar sem pensar na opinião popular.